O dia tinha corrido como os últimos, nem bem nem mal, apenas mais um dia, o animo dela estava como o dia, cinzento, chuvoso, escuro, tudo o que queria era cair na cama e dormir, dormir muito, achava que se dormisse durante uns dias ao acordar tudo estava bem, e já tudo tinha passado.
Tinha sido desafiada para ir jantar e beber uns copos, tudo menos ir-se enfiar em casa, onde ninguém a esperava, onde ia ficar sozinha e inevitavelmente acabar por passar a noite a bater com a cabeça nas paredes, diziam-lhe. Mas ela sabia que sair não iria adiantar nada, estaria a noite toda de sorriso, como se tudo tivesse bem, iria fingir que estava óptima e a divertir-se, mas estaria a mentir, a si e aos outros, a cabeça dela não ia estar lá, a verdade é que ela não conseguia deixar de pensar no que podia ter sido o seu fim de semana, no que tinha idealizado para o fim de semana, o fim de semana que devia ser lindo e em vez de o ir passar sozinha estaria acompanhada.
Mas a verdade é que não estava acompanhada, ninguém estava a espera dela, ir para casa ou não era a mesma coisa, pois ninguém lá estaria à sua espera.
Mas era preferível ir para casa, não estava com cabeça para nada, e não seria boa companhia, como tal o melhor era mesmo fazer companhia a si mesma, e tentar dormir, coisa que já há muito não sabia o que era.
Chegar a casa foi o esperado, uma casa fria, sem ninguém para a receber, mas ela sabia que assim seria, e ir para casa e ficar sozinha tinha sido a sua opção.
Não tinha fome, o que também se estava a tornar um habito, e optou por tomar café e fumar mais um cigarro, a campainha toca e ela pensa “ é pá, eu disse que não queria sair, porque há sempre alguém que insiste?” e abre o trinco da rua sem perguntar, calculou que fosse algum dos amigos que tanto tinha insistido para ela sair em vez de ficar em casa sozinha, vai a porta de casa e……………….ali está ele, lindo e maravilhoso, como sempre, com um ramo de flores na mão e uma caixa de bombons que em tempos tinha prometido, ela não o esperava e fica sem saber o que dizer, acaba por o convidar a entrar, ele entra e diz que a vem buscar para jantar, ela acha que deviam falar, mas ele não quer, veio busca-la para jantar e é isso que quer fazer, jantar sem se falar em nada que possa estragar o momento.
Saem para jantar e tudo corre maravilhosamente, é como se os últimos dias não tivesses acontecido, é como se tivessem estado juntos no dia anterior, voltam para casa dela para conversarem mais um pouco, bebem café, fumam um cigarro, conversam, e as horas passam e estava tudo como sempre devia ter estado.
É tarde e ele vai embora, ela leva-o à porta e nesse momento, e pela primeira vez, ele beija-a, um beijo intenso, ela não consegue disfarçar o desejo que sente, era isto que ela tanto queria e agora estava a acontecer, ele começa a tirar-lhe o casaco de malha com muita calma, a apreciar cada detalhe dela, ela deseja-o com toda a sua força e so quer tirar a roupa de uma vez para sentir o toque da pele dele na sua, mas ele não deixa, ele quer que tudo seja feito com muita calma, quer que ambos apreciem cada detalhe daquele momento, afinal era a primeira vez deles e tinha tudo que ser perfeito.
Sempre com muita calma, ele vai-lhe tirando a roupa que vai ficando espalhada pelo chão, da entrada ate ao quarto, e a cada peça de roupa tirada vai acariciando, beijando tocando e deixando-a cada vês mais louca de desejo, ate que os corpos por fim se encontram, pele com pele, e finalmente se entregam um ao outro e se consomem com toda a intensidade e paixão.
Hoje deu-me para aqui, foi o que me saiu, e não sendo real é no entanto assim que vejo, ou idealizo, uma noite perfeita para um dia mau.
:)